terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Changuito e música cubana: "rumba"

No final de 2011, aconteceu na cidade de Tatuí, interior do Estado de São Paulo, o 5º Encontro Internacional de Percussão, que trouxe no rol de convidados nada menos do que Changuito (José Luis Quintana Fuentes), que nos mostrou um pouco da história de alguns ritmos cubanos, como o Danzón, o Paka, Guaguancó, Columbia e o ritmo desenvolvido por ele, o Songo, dentre outros.



A RUMBA

Sempre falamos sobre rumba nos shows, em workshops, e tivemos a oportunidade de aprender um pouco mais sobre ela na ocasião do Encontro. Muitos usam este termo popularmente conhecido, mas não são todos que sabem ao certo sua diferença com relação aos outros ritmos, como o cha cha cha, o mambo, ou danzón etc.

Tem sua ligação com o Son cubano, por exemplo, mas é fundamentalmente diferente também por conta das respectivas claves (chave - células rítmicas que dão a característica de um e outro gênero).


O que chamamos de rumba, termo usado tanto para designar um gênero de dança cubana quanto para nos referirmos à música que se faz popular em Cuba, é um termo genérico que engloba uma variedade de ritmos. Sua influência vem dos negros trazidos pelos espanhóis, principalmente de Guiné, Crioulla, Congo, Quimbundo, dentre outros locais da África no século XVI.

Após a abolição no século XIX, conta-se que os negros que parmaneceram nas periferias das províncias de Havana e Matanzas, em busca de emprego, acabaram desenvolvendo esta mistura com os descendentes de espanhóis, propiciando o surgimento da rumba cubana (cujo termo, proveniente da Europa, denotava "festa").

Ela é composta pelos seguintes gêneros fundamentais: a Conga (festejos em blocos, como no carnaval), o Yambú (mais lento e tradicional, geralmente dançado pelos mais velhos), o Guaguancó (mais conhecida rumba, possui sensualidade na dança, que dá a sugestão de um ritual de conquista entre homem e mulher, onde a mulher se insinua, mas não se deixa levar pelos artifícios e malícias gesticulados na dança pelo homem) e a Columbia (mais acelerada, dançada predominantemente por mais jovens, muitas vezes até com performances mais ousadas).

No vídeo mais abaixo, com execução dos participantes do workshop, um pouco de Guaguancó e da Columbia sob orientação de Changuito:


Referências:



Um pouco mais do que foi o workshop de Changuito, seguido da clínica, acompanhado da competente banda de Tatuí (consta no vídeo o nome de todos):





Por Cássio de Fernando (www.cassiodefernando.com.br)

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

"Luthieria" - É possível fazer em casa?

Em 2008, eu e alguns amigos resolvemos reformar alguns instrumentos de percussão, mesmo sem muita experiência. Foi uma aventura de quase 1 mês (por conta da falta de experiência), mas valeu a pena o trabalho e a aprendizagem. Qualquer um pode fazer isto em casa, já que não temos oficina, nem muitas ferramentas.



Tínhamos como projeto inicial a reforma de duas congas CP - Cosmic Percussion (by LP) -, que acabou se estendendo para timbal, bongô e outros instrumentos menores. O custo do trabalho todo saiu por volta de 400 reais (nem se compara com o que gastaríamos comprando instrumentos novos). E posso dizer, sem exagero, que ficaram muito bons, quase como saídos da fábrica.



Contudo, no que diz respeito à pintura, a maioria dos instrumentos é pintada com poliuretano (pintura de carro, com aplicação de primer e outros cuidados específicos, tal como se faria numa funilaria). Obviamente, não iríamos trabalhar como numa oficina de autos. Assim, resolvemos ficar somente com o trabalho de marcenaria, o que já seria um grande desafio.

Basicamente, consistiu de remoção da tinta anterior (com Thinner e um removedor de poliuretano, muito tóxico, aliás; portanto, é preciso usar uma máscara e óculos apropriado), muita lixa (60, 100, 180, 220 e 400, nesta ordem) e, após deixarmos tudo na madeira, uso de verniz (usamos imbuia; outros também ficariam interessantes, como verniz mais claro para destacar a madeira).


O uso do verniz, ao invés das tintas automotivas, não influencia muito no som das congas, pois a pintura é somente externa (obviamente, no caso de um instrumento que não seja feito de forma delicada, como um violino). Pois, para que não tenha mudança no som, é recomendado laquear antes de aplicar verniz ou tinta, já que o verniz penetra muito na madeira. Não tanto, se a madeira já está pra lá de seca e foi pintada várias vezes, como é o nosso caso. Lembrem-se que se trata aqui de reforma das congas, não da produção de uma nova.

Foi preciso um compressor para pintar (nem todo mundo tem um compressor em casa, mas alguém sempre conhece um vizinho ou amigo que tenha e que nos mostre como funciona).

O trato com o timbal deu mais trabalho, pois tivemos que restaurar a madeira, que estava rachada e cheia de falhas. Usamos massa para madeira e muita lixa, para a remoção da pintura, para o reparo e para o acabamento com o verniz.

Para as ferragens (aros, canoas, ganchos, porcas e parafusos, aro da soleira), o bom e velho "bombril" fez uma boa diferença. Havendo necessidade, se caso houver tinta e a intenção de removê-la, é indicado o uso de lixa d'água, as mais finas, para deixar polida a peça. Decidimos cromá-las - procure alguma metalúrgica que faça cromo-decorativo -, portanto, deixando as dificuldades de remoção de tinta e polimento a cargo do serviço desta; aliás, foi a parte mais cara do processo. Mesmo assim, recomendo a cromagem, para dar um aspecto metálico mais interessante, pois, além do fato de ficar lindo o acabamento, espelhado, as peças costumam oferecer maior resistência ao uso (o suor corrõe a peça).

De resto, uma manutenção aqui, umas peças novas ali e fomos montando nossos instrumentos encostados, tratando e empachando peles e tudo o que foi preciso para deixar instrumentos usados como se fossem novos.


Espero que nosso relato tenha ajudado e inspirado a quem deseja cuidar melhor de seus instrumentos. Vamos trocar informações a respeito. Abraços!