Por Cássio de Fernando
Dentre os ritmos apresentados no Workshop de Changuito, ministrado no Brasil em 2011, também foi mostrado o Pilón (Pilão), criado por Enrique Alberto de Jesús Bonne Castillo (em 1958), também criador da Timba cubana (juntamente com Pedro Izquierdo) e fundador do grupo “Enrique Bonne y sus tambores”. O Pilón foi popularizado pelo amigo de Enrique Bonne, o cantor Pacho Alonso Fajardo, a partir dos anos 60, através da criação do grupo “Los Bocucos” (ver sobre o grupo “Pacho Alonso y Sus Bocucos”).
Abaixo, temos o vídeo “Pacho Alonso – Rico Pilon” (1965), que ilustra o gênero Pilón:
Veja também o vídeo “A Bailar Pilón com mi pana Pacho Alonso” da canção “El Pilón de Maria Cristina” (1965):
Changuito faz os movimentos característicos do uso de um pilão, que poderão observar através do vídeo sobre o Workshop ministrado no Conservatório Dramático Musical de Tatuí, em 2011.
Culturalmente, a primeira hipótese do surgimento deste gênero (dito como “ritmo”) refere-se ao pilão como utensílio também utilizado em Cuba, como parte da moagem do café. A segunda hipótese seria a ligação com elementos dos rituais religiosos da Santeria, trazidos da África.
Mas, a dúvida pode ser esclarecida com base na entrevista que Enrique Bonne deu ao editorial do Salsa Power (por Rafael Lam – website que reúne informações sobre Salsa). Bonne explica o embrião do surgimento deste ritmo, vinculado à primeira hipótese dita acima:
Comienza la gestación del Pilón; la idea me viene mientras observaba la manera en que machucaban el café con el pilón (como si fuera un movimiento danzario-rítmico). Se trata de un tronco ahuecado, donde los granos de café sueltan la melaza. Repito, ese fue el embrión, porque se populariza en 1965 con Pacho Alonso en La Habana. Aclaro que Pacho compuso una obra llamada Rico pilón, pero no es el creador del pilón. (LAM, 2008 – grifo do autor)
Bonne ainda explica que o primeiro Pilón que compôs foi “Mujeres no lloren”, com interpretação de Matías Tabío, e comenta as características do Pilón, inspirado nos costumes de seu contexto tradicional, para esclarecer o entendimento musical dos toques típicos deste ritmo, da seguinte forma:
El pilón no depende de un golpe, es todo un concepto, un andamiaje musical donde el piano imita la sonoridad del órgano oriental, la paila con el golpe de pilón pilando café, las tumbadoras y el bajo tiene su propio golpe. (Ibidem)
Enrique Bonne nasceu na antiga província de Oriente, hoje Santiago de Cuba, e vive no município de San Luis (19 km de Santiago de Cuba), atualmente com a idade de 86 anos.
Referência:
- ARAÚJO, Alceu Maynard Brasil. Histórias, Costumes e Lendas. São Paulo: Três, 2000. (O monjolo e o pilão).
- CHANGUITO, Jose Luis Quintana. La historia del Songo. DCI Music Video.
- ECURED. Enrique Alberto Bonne Castillo. 2012. Disponível em: < http://www.ecured.cu/index.php/Enrique_Bonne_Castillo>. Acesso em: 11 jul. 2012.
- FERNANDEZ, Mercedes Arias. Santeria e sua origem. Santeria Oshun Olorody. Brasil. Disponível em: <http://olorodysanteria.blogspot.com.br/>. Acesso em: 11 jul. 2012.
- LAM, Rafael. Entrevista “Bonne, el Rey Del Pilón”. Tradução espanhol-inglês de Jacira Castro. Salsa Power. 2008. Disponível em: <http://www.salsapower.com/editorials/bonne.htm>. Acesso em: 11 jul. 2012.
- MEJI, Robson Alada. Pilão. Cultura Africana – tradição de religião. Rio de Janeiro, 2011. Disponível em <http://onireblogspotcom.blogspot.com.br/2011/05/pilao.html>. Acesso em: 11 jul. 2012.
- OKANBI, Omo. Obatalá - Oxalá. Santeria Cubana. Maia, Portugal. Disponível em: <http://www.centroanastacia.com/news/santaria_obatala.htm>. Acesso em: 11 jul. 2012.
- SANDERS, MARK. Pacho Alonso. Fidels Eyeglasses. New York, EUA. 2009. Disponível em: < http://fidelseyeglasses.blogspot.com.br/2009/02/pacho-alonso-with-mariano-merceron-bebo.html>. Acesso em: 11 jul. 2012.
- [Autora desconhecida]. El Ritmo Pilón. Esto de vivir. 2010.