segunda-feira, 19 de outubro de 2009

"Luthieria" - É possível fazer em casa?

Em 2008, eu e alguns amigos resolvemos reformar alguns instrumentos de percussão, mesmo sem muita experiência. Foi uma aventura de quase 1 mês (por conta da falta de experiência), mas valeu a pena o trabalho e a aprendizagem. Qualquer um pode fazer isto em casa, já que não temos oficina, nem muitas ferramentas.



Tínhamos como projeto inicial a reforma de duas congas CP - Cosmic Percussion (by LP) -, que acabou se estendendo para timbal, bongô e outros instrumentos menores. O custo do trabalho todo saiu por volta de 400 reais (nem se compara com o que gastaríamos comprando instrumentos novos). E posso dizer, sem exagero, que ficaram muito bons, quase como saídos da fábrica.



Contudo, no que diz respeito à pintura, a maioria dos instrumentos é pintada com poliuretano (pintura de carro, com aplicação de primer e outros cuidados específicos, tal como se faria numa funilaria). Obviamente, não iríamos trabalhar como numa oficina de autos. Assim, resolvemos ficar somente com o trabalho de marcenaria, o que já seria um grande desafio.

Basicamente, consistiu de remoção da tinta anterior (com Thinner e um removedor de poliuretano, muito tóxico, aliás; portanto, é preciso usar uma máscara e óculos apropriado), muita lixa (60, 100, 180, 220 e 400, nesta ordem) e, após deixarmos tudo na madeira, uso de verniz (usamos imbuia; outros também ficariam interessantes, como verniz mais claro para destacar a madeira).


O uso do verniz, ao invés das tintas automotivas, não influencia muito no som das congas, pois a pintura é somente externa (obviamente, no caso de um instrumento que não seja feito de forma delicada, como um violino). Pois, para que não tenha mudança no som, é recomendado laquear antes de aplicar verniz ou tinta, já que o verniz penetra muito na madeira. Não tanto, se a madeira já está pra lá de seca e foi pintada várias vezes, como é o nosso caso. Lembrem-se que se trata aqui de reforma das congas, não da produção de uma nova.

Foi preciso um compressor para pintar (nem todo mundo tem um compressor em casa, mas alguém sempre conhece um vizinho ou amigo que tenha e que nos mostre como funciona).

O trato com o timbal deu mais trabalho, pois tivemos que restaurar a madeira, que estava rachada e cheia de falhas. Usamos massa para madeira e muita lixa, para a remoção da pintura, para o reparo e para o acabamento com o verniz.

Para as ferragens (aros, canoas, ganchos, porcas e parafusos, aro da soleira), o bom e velho "bombril" fez uma boa diferença. Havendo necessidade, se caso houver tinta e a intenção de removê-la, é indicado o uso de lixa d'água, as mais finas, para deixar polida a peça. Decidimos cromá-las - procure alguma metalúrgica que faça cromo-decorativo -, portanto, deixando as dificuldades de remoção de tinta e polimento a cargo do serviço desta; aliás, foi a parte mais cara do processo. Mesmo assim, recomendo a cromagem, para dar um aspecto metálico mais interessante, pois, além do fato de ficar lindo o acabamento, espelhado, as peças costumam oferecer maior resistência ao uso (o suor corrõe a peça).

De resto, uma manutenção aqui, umas peças novas ali e fomos montando nossos instrumentos encostados, tratando e empachando peles e tudo o que foi preciso para deixar instrumentos usados como se fossem novos.


Espero que nosso relato tenha ajudado e inspirado a quem deseja cuidar melhor de seus instrumentos. Vamos trocar informações a respeito. Abraços!


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